Quem me estou a Tornar

São 5h00, desperto... sem sono.
Impele-me para fora da cama, sem que nada possa fazer contra... decido ir á janela fumar um cigarro e lá longe no horizonte, mesmo á minha frente, a Cintura de Orion plana suavemente no céu, meio noite, meio dia, mas consegue-se ver perfeitamente.
Fico a observar-la impávido, fluindo tudo o que consegui  aprender sobre sí enquanto junto todas as estrelas, sempre com Sirius ao fundo a pulsar.
Recorda-me as 5 Quinas do nosso escudo.
Questiono-me que mistérios se passam ali, fonte de tanta sabedoria em povos anteriores.
Os Egípcios construiram as Piramides de Gizza com elas em mente, replicando o seu desenho Cósmico no chão, para os Templários, ela era fundamental com fonte de inspiração.

Que segredos guardam as Estrelas que não os conseguimos ver de tão óbvios que devem ser.

Volto para Quarto...do outro lado da cama, a minha companheira mira-me a meio olhar, provavelmente pensando, o que é que este doido anda a magicar a uma hora destas.
Tinhamos feito as pazes na noite anterior, fruto de arrufos sem nexo.
Enquanto a observava a fingir dormir, uma sensação de paz invade-me e causa-me um bem estar por já estarmos bem.

Enquanto a observo sentado na beira da cama, chego á conclusão somos nós próprios que construimos os muros que nos dividem e nos fazem sentir presos.
Não os outros.
Sem as nossas barreiras mentais, não existe grade ou muro que nos possa prender.
Só nós próprios nos pudemos libertar.
Não existe, chave, guarda, prisão ou fronteira que possa encarcerar uma mente livre.
Com a mente inqueta, agora na cozinha a beber água, olho para a gaiola da minha mansa Caturra...e ela, olha-me por igual.
Parecia que implorava algo com a cabeça de lado.
Abri a portinhola de onde rapidamente se escapou, esvoaçando alegremente, voltou e poisou-me no ombro como sempre faz.
Senti não ser justo, ser eu, o carceireiro do seu destino.
Tenho que convencer o meu pequeno a libertar-la.
Mas sobretudo... a compreender... o Porquê.

Nuno